Caminhar

O novo caminhar

Novos desejos de novas cores.

O vermelho, o verde , o azul

As cores que vão como uma onda.

Ganhando vida

o pulsar do  vermelho, o verde, o azul

As cores que vão como uma onda.

A água do mar

O mar que este ano foi uma grande mudança no meu caminhar

As luzes a brilharem lá no fundo da paisagem

os navios a levarem sonhos diversos

e eu aqui na janela a olhar,

a pensar em paginas em branco,

a pensar em novas cores para uma nova tela,

como paginas em branco de um caderno.

como uma fotografia ainda não revelada

O palco

O palco

Hoje pela manhã, minha professora de balé me perguntou se eu gosto de dançar no palco. A resposta é sim.

Eu adoro as luzes brilhantes, a música tocando, e o (cor) de rosa da maquiagem, que, na verdade, nunca uso.

Gosto de ajudar a professora com as crianças, cortando as cordinhas das sapatilhas mirins.

No entanto, este ano não tive coragem por causa da pandemia.

Adoro dançar e esquecer que, no fundo do teatro, há uma plateia sentada em cadeiras vermelhas.

Gosto de sentir as luzes, mesmo que não aprecie ser vista.

O palco é uma paixão que não consigo explicar.

Outro dia, uma professora que admiro e que tem uma carreira no teatro comentou que eu tenho uma voz doce para gravar vídeos, apesar da minha timidez.

Talvez sejam as flores do caminho, talvez seja a alma dançando.

**Querido Papai Noel,**

**Querido Papai Noel,**
Eu poderia pedir uma bicicleta cor-de-rosa com cestinha ou uma bicicleta azul clara

daquelas retrô, mas será que ainda sei andar de bicicleta?

Quem sabe um patins lilás?

Ainda existe uma sandália da Xuxa?

Um disco de vinil da Angélica? Não tenho vitrola, mas adoraria!

Uma Barbie astronauta?

Uma casinha de bonecas, onde o mundo é perfeito!!!

Um patinete (sem ser elétrico), pois tenho um certo trauma de patinetes elétricos!

Uma corda para pular? Acho que não sei pular corda, mas…

Então, que tal uma sapatilha de ponta de balé? Esse é um sonho antigo!

Um colar de anjinho, já que gosto de anjos e de nossas senhoras de tantos nomes!

Linhas novas para novos bordados?
Pincéis, papéis de aquarela, uma orquídea?

Ah, Papai Noel, já sei! Quero um mundo livre desta pandemia! Um mundo com vacina para todos!

Um mundo cheio de saúde e amor!

Escrevo enquanto olho para o mar; ele vai e vem.

Parece tão calmo que dá até para vir de navio.

Quem sabe a sereia e os golfinhos te fazem companhia pelo caminho…

Continuo aqui, bordando e esperando dias melhores para o nosso Brasil e para o mundo!

A árvore aqui da frente já está iluminada, aguardando a sua chegada…

Era uma vez uma aula…

**Era uma vez uma aula…**

Era uma vez um caderno,

Um caderno de listras rosas com flores,

Com o nome “Gaby” escrito na capa.

Era uma vez um ano de aulas,

Histórias da vida real,

Contos de fadas e de um monstro roxo com um arco-íris na barriga.

As  Fadas Rosas azuis , a Branca de Neve com anões a menos,

A Pequena Sereia em outra versão,

Versões sem príncipes diferentes ( não gosto da história do cavalo branco)

Histórias que refletem momentos de tristeza…

Deságuam nas linhas do caderno..

O olhar azul do meu avô paterno..

As histórias da máquina de escrever do meu avô materno…

Os bordados, as cores…

Histórias sobre o tempo, tudo lá…

No meu caderno de flores e listras…

O caderno seguiu seu fluxo e chegou ao fim…

Agora, um novo caderno já está pronto para novas histórias…

Deste mesmo caderno saiu a ideia de escrever de outra forma o meu TCC…

Obrigada, Lili, por cada aula!

@lilianrferrari, obrigada pelo processo lindo da escrita.

 

Dizem que o choro é feito de água…

Dizem que o choro é feito de água,

talvez seja feito de água e sal; para mim, é feito de emoção,

de tristeza — aquela que brota do nosso eu, do nosso eu mais puro, do nosso eu mais precioso.

A lágrima que cura, que deixa ir o que machuca, a alma machucada, a alma que busca se

encontrar em cada lágrima que escreve uma nova história, histórias de superação.

A lágrima que permite à tristeza fluir, o que vai, o sair, o percorrer… o percorrer os

caminhos da face, saindo como as ondas do oceano, como a água de um rio que desagua

na alma, que vai encontrando seu próprio leito.

O processo do rio que deságua neste caderno, repleto de momentos escritos.

A fada da tristeza, a fada azul de roupas roxas — a fada que mora em um lugar distante, no

final da floresta, no fim de tudo, onde a luz aparece apenas um pouquinho. A luz no final

do túnel, a fada que busca encontrar suas próprias sombras, que tenta deixar para trás

tudo aquilo que não lhe faz bem. A fada que persiste em transformar a lágrima em sorriso,

o sorriso da alma; a fada que busca sua luz interna, que termina este caderno em busca do

que há de melhor em cada palavra, porque metade de mim é poesia e a outra metade são

palavras ao vento…

Uma quarentena teria 40 dias ?

Uma quarentena teria 40 dias ?

Será ?

A minha teve quase dois anos 

Pouco sair neste tempo todo 

Os detalhes da casa foram ficando mas presentes 

Detalhes…. coisas miúdas que as vezes passam em branco 

Nos dias de céu azul e correria de São Paulo

Detalhes …. memórias de tempos que foi  …

porem ainda  fazem parte do nosso dia a dia 

As santinhas de tantos nomes Rita , Terezinha

As nossas senhoras aparecida, Nazaré , Fátima  

Por que é de fé em fé  de sonho e de pó 

As bonecas do frozen … livre estou… como se fala no filme

Mesmo aqui ,  no mesmo lugar 

Livre com os meus bordados 

Com linha e agulhas 

Com pincéis e tinta 

Com as flores de caminho ou melhor com as flores de casa 

Orquidias de muitas cores 

Álcool gel para todos os lados  e máscaras coloridas 

Novos tempos, novos acessórios 

A caminha rosa da cachorrinha que não para pela casa 

A vida que vai passando entre um ifood e outro 

As aulas on line , a arteterapia , os estágios 

A terapia ,

a vida a caminhar entre quatro paredes mas aqui tem um pouquinho mas eu acho 

Os pássaros a cantar nas árvores 

A cachorrinha a correr 

O tempo que não para 

O tempo que vai no ritmo do bater do coração

Novas ideias , bordados que falam da pandemia, que falam de rios de mapas , de memórias,  

Detalhes cada um com sua histórias 

Ursinhos de alguma viagem para o outro lado do oceano 

Oceano que vai em vem 

Detalhes o violão parado no canto 

O violão que só sabe tomar com uma de um certo padre do interior 

A máquina de costura parada em outro canto da casa 

textos e mas textos escrito no meu caderno florido 

Estrelas do céu a bilhar 

O mundo que gira como uma roda gigante 

A tv a mostrar as histórias de uma pandemia sem fim 

Agora há uma luz 

A luz a bilhar 

As aulas on line

o Ballet on line a vida que dança 

A aquarela on line as cores e suas manchas 

Cores que foram colorindo dias de isolamento 

Cores , palavras , linhas , tecidos 

Um universo inteiro criado dentro de casa 

Casa meu pequeno laboratório de criatividade 

Os detalhes estão aqui e ali a acompanhar os meu pincéis e as minhas agulhas 

Estrelas não há por hoje

**Estou aqui a olhar o mar.**

Ele vem e vai.

Estrelas não há por hoje,

apenas algumas luzes a brilhar lá no fundo,

dos navios que esperam para entrar no porto.

A vida segue no ritmo das ondas.

Fico aqui pensando nas vidas que se foram,

especialmente nesta semana.

Artistas jovens com uma carreira pela frente.

Confesso que pouco sei do sertanejo atual;

pouco escutei, mas me entristece ver uma menina tão jovem

se tornando estrela. Dizem que ela era a rainha da sofrência.

Eu também sabia bem pouco sobre Jaider Esbell até outro dia,

mas, há um tempo, venho prestando mais atenção na arte indígena.

Não sou estudiosa do assunto, mas sou admiradora.

É uma arte tão brasileira, tão rica.

Confesso que comecei a seguir Esbell há pouco tempo,

depois do início da Bienal. Assisti às lives dele,

e um dia ele começou a me seguir no Instagram.

Para mim, isso foi melhor que ter 500 mil seguidores!

Fiquei feliz por um artista que admiro ter me seguido.

Esta semana, ele também se tornou estrela.

Ainda perdemos um grande músico e uma das damas da dança,

que me ajudou tanto no meu TCC.de fotografia

O que fica disso tudo é o amor à arte.

A arte nunca morre;

fica a certeza de que a vida é uma onda.

Enquanto escrevo, o mar vai e volta:

horas calmo, horas agitado.

Estrelas agora não há, já amanheceu;

brilha o sol, e o céu azul ao fundo.

A vida está aqui, e é para agora.

Entre Livros e Agulhas: O Bordado da Memória Pessoal – Olivia

Quero falar sobre uma memória bordada: a memória da tia  Olivia, e de sua arte como bordadeira.

Ela passava horas dedicando-se a bordar lembranças de um tempo, narrando as histórias do interior do Paraná dos anos 50.

Enquanto buscava um caminho para o meu trabalho de conclusão de curso, deparei-me com as palavras “Tempo” e “Memória”, que me levaram à história da Olivia.

A figura dela foi se desvelando nas páginas do livro “Bisa Bia, Bisa Bel”, da escritora brasileira Ana Maria Machado, nascida no Rio de Janeiro em 1941 e vencedora do Prêmio Hans Christian Andersen, entre outros.

Meu encontro com a literatura de Ana Maria Machado aconteceu tardiamente, aos doze anos, em uma noite fria de inverno, na lanchonete do clube, saboreando um chocolate quente. Era a fusão dos sabores das noites geladas de meados dos anos 90.

Entre Livros e Agulhas: O Bordado da Memória Pessoal

Ao refletir sobre a permanente tensão entre livros e agulhas, percebo como a arte da escrita e a delicadeza do bordado se entrelaçam de maneira intrínseca na construção de minha memória pessoal.

A literatura, como um estilhaço de fios que se cruzam, forma um grande bordado, unindo histórias, vivências e afetos. Essa relação me remete à obra de Ana Maria Machado, que, com maestria, borda memórias através de seus personagens, revelando a íntima conexão entre passado, presente e futuro.

Assim como Bel, a personagem central, encontramos ao longo de nossa vida pequenos fragmentos que nos conectam a gerações passadas. A arrumação da mãe de Bel, que revela uma foto oval da avó Bia, é uma metáfora potente para o que ocorre com nossas memórias. A imagem da avó, como uma boneca, não é apenas um retrato; é um elo que liga passado e presente — um ponto essencial no grande bordado da vida. Essa foto não tem apenas um valor estético; carrega um peso emocional que nos faz questionar a condição da mulher, ao longo das eras, e suas transformações.

A menina Bel, ao levar a foto para todos os lugares, simboliza o poder da imaginação e a importância da memória na formação de nossa identidade. Em cada esquina da escola e cada pátio do prédio, ela leva consigo uma parte de sua história, assim como nós, em nossa jornada, carregamos os ecos das experiências que nos moldam. O entrelaçamento das gerações — Bia, Bel e a bisneta Beta — sugere que, a cada novo ponto no bordado, não apenas o presente é iluminado, mas também o futuro é costurado com os fios da tradição, das vivências e dos legados recebidos.

Essa linha do tempo entrelaçada traz à tona a diferença entre as experiências femininas de hoje e de outrora. O que significa ser mulher em um mundo que constantemente se transforma?

É um questionamento profundo que reverbera em cada página lida e em cada lembrança revisitada. Assim como o bordado, temos a capacidade de fazer emendas, de unir retalhos da nossa trajetória, costurando nossas dores e alegrias numa tapeçaria única.

Na busca por entender essas conexões, encontrei em minha própria memória a figura de Olivia, uma presença que, assim como Bia e Bel, traz consigo a capacidade de transformar o que passou e o que está por vir.

Olivia representa os laços familiares e a continuidade de um legado preenchido de histórias e vivências que só se tornam mais ricas com o passar do tempo. Através dela, percebo que a escrita se torna uma agulha, unindo narrativas e experiências num compasso delicado.

Portanto, ao me deparar com a obra de Ana Maria Machado e suas personagens entrelaçadas, eu me vejo em um grande bordado — cada ponto representa uma memória, cada fio é uma história que se cruza. Assim, minha permanência na tensão entre livros e agulhas não é apenas uma luta interna, mas uma celebração das múltiplas identidades que habito e que me habitam.

O embrulho de passado, presente e futuro, onde todas essas histórias encontram espaço para coexistir, forma não apenas uma narrativa pessoal, mas um vibrante bordado da vida.

Olivia não ficou registrada em papel fotográfico; ela não foi guardada em uma gaveta, mas está bordada na memória da minha tia. Às margens do Rio Adelaide, a Olivia que a minha tia recorda tinha uma máquina de costura e bordava poesias de um outro tempo. Irmã de Jorge, devoto de São Jorge, filha de Chico Belo, e tia de Eroni, minha tia, que também sabe bordar, fez do bordado um meio de contar histórias.

O bordado entrou na minha vida para narrar a história da minha tia, bordando sua trajetória para uma exposição que celebrava sua vida. Durante o percurso da pós-graduação, reencontrei Bisa Bia, Bisa Bel e Olivia, todas presentes nas memórias da máquina de costura e do seu linho branco, pronto para fazer um novo lençol com flores bordadas.
Bordados contam histórias.

bordado da ti