Borboletas nascem do sopro das ondas
pousam em flores que guardam segredos de sal.
O mar, em seu canto,
se enche de asas e pétalas,
bordando no horizonte
a eternidade do instante
Era uma vez a máquina de escrever do meu avô, uma relíquia que guardava histórias entre suas teclas, cada batida um eco de memórias vividas. Com suas letras emolduradas na página amarelada, a máquina contava pedaços de um cotidiano repleto de simplicidade e beleza. A vida, entre livros empoeirados, e cafés quentinhos , onde o aroma do café fresco se misturava ao perfume da literatura.
Naquelas tardes ensolaradas, eu, a neta fascinada, observava meu avô em sua dança de palavras. Ele, um professor de letras, escrevia como quem respirava, com naturalidade e paixão. A cada cliques das teclas, suas histórias ganhavam vida; relatos sobre personagens de contos esquecidos, descrições de paisagens que existiam apenas em sua mente fértil, e reflexões sobre o amor, a amizade e o tempo.
Enquanto eu o observava, meu coração pulsava com um desejo imenso: queria fazer igual. Queria ser capaz, de eternizar momentos entre as páginas de um jornal, contar sobre as cores vibrantes do carnaval, sobre as ondas do mar que quebravam na praia, e sobre a vida que se tecia a cada instante.
Na mesa ao lado, um relógio de madeira, herança do meu bisavô, marcava o tempo com um suave tic-tac. Ele parecia me lembrar que cada segundo era precioso, que cada história contada merecia ser ouvida. As horas se esvairam enquanto eu sonhava em voz alta, imaginando todas as narrativas que poderiam brotar da minha caneta.
“Hoje, conto histórias escritas no meu computador cor-de-rosa ou no meu caderno, sempre ao lado, à espera de novas palavras. Com o passar do tempo, ganhei coragem e me lancei no universo da escrita. Afinal, a história continua, assim como as ondas do mar que, eternamente, se quebram na praia. Também bordo palavras que se desenham no tecido das memórias da vida. Tempo, tempo, quero lhe fazer um pedido: eternize minhas palavras nos meus tecidos amarelos.”
Por que hoje é aniversário de uma amiga especial a Raki passamos por todas faces juntos nos conhecemos meninas com 13 anos talvez .. passamos pela pré adolescência, na época que a Raki gostava de traças , e eu de cabelos preços com fivela , e canetas coloridas e agendas diários , depois passamos pela adolescência e sempre juntas na escola , ela gostava de pagode e eu era mas do pop , aí tivemos a face Xuxa , com direito a viagens para o Rio de Janeiro , temos até fotos no Cristo , aí a face sandy e Junior , Klb , viagens para Campos , aparecida, praia , Goiânia, tanta coisa , aí de repente crescemos , veio os 20 anos , 30 anos , 40 anos e continuamos aqui com vidas diferentes, morando longe uma da outra , ela com dos meninos, e eu com duas meninas, os dela são humanos, as minhas de quatro patinhas ela fez faculdade de pedagogia eu de artes .. e ainda estamos aqui e de alguma forma uma participa da vida da outra mesmo a distância, dos momentos tristes , alegres , parabéns Raki que você seja muito feliz sempre !
Hoje eu precisava de um texto, de uma imagem…
Mas como a vida nem sempre deixa o tempo se alinhar ao desejo, usei a tecnologia como ponte para a poesia —
E juntei as duas: a menina que sonhava em dançar,
e a mulher que, enfim, dançou.
Tudo isso, para agradecer à Thaís.
Thaís, que tantas vezes me escutou quando eu chegava aflita,
que me amparou num ano difícil,
que não teve medo de dividir comigo o palco — só nós duas.
Hoje, na aula, tocou a música do Aladim…
E não tem como não te ver como a própria Jasmine: leve, forte, livre.
Foi você quem me ensinou que eu também posso voar com o meu vestido azul.
Eu sei que isso não é uma despedida. É só um “até logo”.
Sim, eu vou continuar dançando.
Às vezes, a vida nos convida a traçar novos caminhos,
a desenhar outras histórias, com outras melodias.
Mas antes de você seguir, eu precisava agradecer.
Obrigada por cada passo.
Por cada noite de aula — com a sala cheia ou quase vazia.
Hoje foi a aula mais bonita de todas.
Marcela, Helo, Rafa, Luiza… todas estavam lá.
Obrigada, Thaís.
Te desejo todo o sucesso do mundo.
E mais uma vez: obrigada, de coração.
Saudade que voa
Este bordado faz parte da minha série intitulada Saudade, uma coleção que traduz em linhas e cores o sentimento da ausência. Nesta obra, a saudade ganha asas — entre sereias que voam e uma menina que contempla o mar, as cores se tornam veículo de expressão e de cura. Sempre acreditei na força das cores: elas voam, acalmam, pacificam a dor.
Criar esta peça em um momento desafiador foi, para mim, um ato de resistência e de esperança. Ao bordar, transformei o sofrimento em beleza. Coloco-me em cada ponto, em cada escolha cromática.
A menina com saudade, navegando em seu mar agitado, vive horas de calmaria e tempestade, momentos de azul profundo e verde vibrante, calor intenso como fogo e frio cortante como o gelo de uma geleira, tudo isso sob a luz de uma beleza singular.
Ela leva consigo a saudade, o medo e a liberdade ao mesmo tempo. Os cabelos azuis, adornados com mechas roxas e rosas, dançam ao vento. A resistência se manifesta na companhia dos peixes que habitam seu mar, mesmo nos dias turvos. Um barco passa por águas feitas de lágrimas, enquanto ela se encontra sozinha na chuva, imersa em seu mergulho na liberdade que constrói dentro de seu próprio mundo.
É um cuidado profundo com seu próprio eu; o mar a embala, e seus cabelos voam à procura de liberdade, navegando por águas ainda nunca percorridas.
“Sou um fio,
o fio que tece,
o fio da vida,
que borda a minha história.
Ela é composta por fragmentos,
múltiplas partes,
fios coloridos,
o fio da existência,
uma conexão com meu eu interior,
com a menina que fui,
aquela que ainda habita em mim,
que se revela por meio do fio,
o fio que narra minha trajetória.
Fio da vida,
linhas da vida, bordadas.”
**Carta para o Papai Noel**
Querido Papai Noel,
Este ano foi difícil, e sinto que não me comporte tão bem.
Fiquei pensando no que pedir, e talvez, no fundo, eu só queira meu pai de volta.
Mas sei que o senhor não tem esse poder.
Quem sabe eu gostaria de reviver os Natais da minha infância?
Queria voltar a ser aquela menina do vestido azul, mas sem a timidez que me acompanhava.
Talvez eu quisesse ser aquela adolescente da blusa rosa, mas com um pouco menos de nervosismo.
Quem sabe eu gostaria de ganhar uma boneca, ou aqueles objetos tecnológicos que meu pai me dava, enquanto eu mal sonhava com uma pulseirinha da moda.
Seria maravilhoso ter uma bicicleta rosa, para andar como quando eu era criança.
E, claro, um cachorro, desta vez um macho, mas espero que não me expulsem de casa por isso (risos).
Ah, e sobre o cachorro Cavalier que meu pai me prometeu, será que ele poderia me mandar um do céu?
Talvez um gatinho, quem sabe com olhos azuis e pelos ruivos.
Ou um outro bichinho, menos uma tartaruga, pois tenho medo delas, e também não gosto de passarinho preso.
Já sei! Quero a Barbie astronauta, ou, quem sabe, a Barbie da Frida? É um sonho antigo, mas nunca a encontro para comprar.
Por fim, quero que a Ti tenha muita saúde, Papai Noel ..sei que este ano um anjinho já deu um jeitinho. Agradeça a ele por mim, Papai Noel! E, foram duas vezes, Papai Noel.
Já que não é possível trazer meu pai de volta, se der, eu só gostaria de mandar uma mensagem de WhatsApp para ele. Lá no céu tem Wi-Fi?
Mas, de qualquer forma, Papai Noel, obrigada por mais um ano. Afinal, cheguei até aqui… um pouco diferente, mas cheguei. Isso é o que importa no final das contas, não é?”
imagem feita com inteligência artificial
Durante uma reunião repleta de homens e números, percebi que a conversa se restringia a cifras, sem espaço para palavras. Havia papéis espalhados pela mesa e, ao olhar para eles, pensei que, pelo menos, eu poderia desenhar. Meu pai sempre soube que havia uma artista em casa; aquele papel destinado a números parecia um desperdício. Ao encontrar um lápis verde, senti uma angústia: seria um horror usá-lo para números, pois esse lápis, ideal para riscar cerâmica, tinha quase um valor sagrado.
Enquanto os homens falavam, decidi fazer uma pergunta. Um personagem da reunião me interrompeu, o que gerou em mim uma certa aflição. Eu já havia enfrentado um trauma em relação a esse personagem há alguns anos, devido a um casamento…
Isso me causou tanto desconforto que evitei até mesmo os casamentos de amigas e primos, tanto do lado materno quanto do paterno. Enfim, de todos os lados – de dia, de noite, sob a luz da lua ou à sombra do sol – por conta desse evento, que tinha Ivete Sangalo como trilha sonora. Por muito tempo, mudei de canal sempre que ouvia a voz dela.
No entanto, o lápis e as folhas que eu usava para desenhar rapidamente passaram para segundo plano em meio à discussão sobre números.
Esse casamento peculiar entre números e lápis verdes se misturava na minha mente, e percebi que talvez eu tivesse nascido com uma vontade maior de lutar pelo que sinto, mas não pelos números. O personagem da reunião e a tal Ivete Sangalo deixaram marcas profundas em relação aos casamentos.Seu texto possui um tom íntimo e reflexivo, expressando bem suas emoções e pensamentos.
Refleti e cheguei à conclusão de que sou uma artista, não uma pessoa voltada para
números. Sou aquela que utiliza o lápis para dar vida ao que sente.
**Moral da história:**
a tal reunião me mostrou algumas coisas.
Primeiro- não preciso ser igual a ninguém.
Segundo- posso lutar pelos meus direitos de expressão.
Terceiro,-sou uma artista.
Quarto- preciso voar pelas cores, não pelos números.
Os caminhos que percorro trazem à tona traumas que talvez sejam da menina que eu fui um dia. Com a morte do meu pai, aprendi que preciso ser livre e lutar pelo que acredito. É totalmente aceitável eu não gostar de Ivete.
Essa experiência foi importante para fechar um ciclo e entender que as páginas do passado, junto com as músicas da Ivete que ficaram guardadas por tanto tempo em uma caixinha de memórias, finalmente levantaram voo e partiram para sempre.
Agora, que novas páginas possam ser escritas com lápis verde e que novas melodias entrem na minha vida, como as de Caetano.
O tempo… Vou lhe contar um segredo: números, papéis e vida. São estes papéis que carregam o feminino, a força e a coragem, levando os traumas embora. E está tudo bem se ninguém entender a mente de uma artista.
Desenho … o que foi …..
lápis verde grafite , sobre folha branca