Escrever para mim sempre foi um alento para a alma; é como bordar com palavras.
O bordado e a escrita sempre caminham juntos. A palavra é capaz de trazer simplicidade
em momentos difíceis, simplificando meu caminho. Enquanto a aula se desenrolava pelos
labirintos das palavras, a realidade me incomodava com os problemas do mundo. Pessoas
que acreditam que a vida funciona apenas por cifras, com seus próprios relógios e palavras
duras, esquecem que existe poesia e simplicidade do outro lado da cortina.
Por outro lado, no meu mundo criativo, me voltei para as palavras simples. Um universo
onde elas deslizam puras, distantes da rigidez do cálculo. As palavras fluíam suavemente,
exalando o cheiro de morango do meu caderno de Moranguinho. E havia, ainda, a
companhia da boneca que acabara de ganhar, semelhante à que tive na infância. Era uma
boneca de 1984, reedição de uma famosa fábrica de brinquedos, marcada por um símbolo
de estrela sob o céu nublado de uma noite de quinta-feira.
A boneca, ainda na caixa, me acompanhava, trazendo o sal da vida em pedaços de açúcar
e o doce aroma de morangos.